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terça-feira, 19 de março de 2013

MEMÓRIA SERTANEJA

MILIONÁRIO E JOSÉ RICO

Romeu Januário de Matos, o Milionário, nasceu em Monte Santo/MG no dia 09 de janeiro de 1940. José Alves dos Santos, o José Rico, nasceu em São José do Belmonte/PE no dia 20 de junho de 1946. Este, por sua vez, foi criado em Terra Rica/PR, desde os dois anos de idade.
Romeu foi pedreiro, garçom e pintor de parede e encontrou inspiração musical em sua própria mãe, observando-a cantar. Aprendeu música de ouvido, não tendo estudado em nenhuma escola. José Rico era apaixonado e fiel ouvinte da música sertaneja desde criança e sempre gostou das músicas de Tião Carreiro e Pardinho, Pedro Bento e Zé da Estrada, Zico e Zéca, Liu e Léu e também Tibagi e Miltinho.
José Rico também chegou a sonhar com a carreira de jogador de futebol, tendo jogado em pequenos times de pouca expressão. Uma contusão que ele sofreu aos 18 anos obrigou-o a desistir dos gramados. A opção seguinte foi a carreira musical.
Tanto Romeu como José Alves já haviam formado diversas duplas. Os dois se conheceram na capital paulista, no final da década de 60, no Hotel "Ideal da Luz" onde estavam hospedados; próximo da Estação da Luz.
Romeu, por sua vez, acabou adotando o nome artístico de Milionário para combinar com o do novo companheiro, que já possuía o apelido de José Rico. A idéia na verdade foi inspirada no nome do famosíssimo carnê milionário do Baú da Felicidade, do Grupo Sílvio Santos.
José Rico foi na verdade o nono parceiro que Romeu conheceu, visto que este, desde criança, já cantava, ainda em sua Monte Santo natal. José Rico, por outro lado, atuava num trio com dois violões e um acordeon e se apresentava num programa da Rádio Tupi.
Ao conhecer Romeu, José Rico não teve dúvidas: deixou o trio e formou a nova dupla, cuja carreira teve seu início efetivo no ano de 1970, com a gravação do primeiro disco.
Início difícil. Não tinham divulgação nem apoio. Milionário e José Rico, no entanto, não desanimaram e foram levando o disco de emissora em emissora, por conta própria. Após algumas dificuldades na capital paulista, sem grandes resultados, Milionário e José Rico resolveram atuar em Londrina/PR, onde passaram a cantar num estúdio de gravação de jingles comerciais.
Após alguns compactos e três LPs que passaram despercibidos (na gravadora Califórnia), gravaram então em 1973 o primeiro LP pela Continental/Chantecler, gravadora à qual eles foram apresentados pelo compositor Prado Júnior que também trabalhava na produção de jingles. Esse LP, de início, vendeu pouco (apenas 700 cópias) e a Chantecler não queria que a dupla continuasse no elenco da gravadora, apesar da insistência de Brás Biaggio Baccarin que defendeu com unhas e dentes a permanência deles, pois tinha certeza de que as coisas mudariam. De fato, após alguns meses, a vendagem havia subido para cerca de 7000 cópias. Destaque no primeiro LP para as músicas "Inversão de Valores", "De Longe Também se Ama", "Paraná Querido" e "Coração de Pedra" (Belmiro).
A dupla chegou a pensar em desistir, já que música não garantia o sustento.
No entanto, após o sucesso alcançado com o primeiro LP, Milionário e José Rico já haviam sido contratados pela Continental/Chantecler, gravadora que acabou sendo responsável pela quase totalidade dos discos da dupla. E em 1975, gravaram o Volume 2, intitulado "Ilusão Perdida". Destaque para "Ilusão Perdida" e "Dê Amor Para Quem Te Ama".
Vieram depois o Volume 3 "Livro da Vida" em 1976, e o Volume 4 "As Gargantas de Ouro do Brasil" em 1977, e o sucesso cada vez maior. E ainda no mesmo ano de 1977, eles conheceram a consagração definitiva, com o estrondoso sucesso da canção rancheira "Estrada da Vida" (José Rico), faixa-titulo do LP Volume 5, sem dúvida, o maior sucesso da dupla.
"Estrada da Vida" proporcionou a venda de mais de dois milhões de cópias e originou o roteiro do filme homônimo, baseado na própria vida dos integrantes da dupla e dirigido por Nelson Pereira dos Santos. Sucesso enorme em todo o Brasil, o filme "Estrada da Vida" conquistou o primeiro lugar no Festival Internacional de Filmes de Brasília e foi vendido para diversos países, inclusive a China. Milionário e José Rico foram convidados pelo governo chinês a se apresentarem naquele país, no ano de 1985, excursão que durou um mês, num intercâmbio cultural, no qual a dupla foi mostrar sua música para o outro lado do mundo. Foi a primeira dupla brasileira que visitou esse país.
Em 1987, Milionário e José Rico também estrelaram no filme "Sonhei com Você", apesar de terem tido menos sucesso do que "Estrada da Vida".
A dupla prosseguia com sucesso cada vez maior, com a voz grave do Milionário e os falsetes e vibratos naturais do José Rico e também com suas vestimentas peculiares: Milionário com seu chapelão de cowboy e camisa aberta deixando aparecer as correntes de ouro, enquanto José Rico com sua característica barba e cabeleira, além dos óculos escuros, anéis e crucifixos! E pensar que, para Brás Biaggio Baccarin (grande incentivador da dupla que os manteve na Chantecler, apesar dos protestos da gravadora), o único problema da dupla estaria nos nomes: "... se a dupla fizesse sucesso, eles cairiam bem; do contrário, ficariam ridículos, seria uma gozação danada..."
Em 1991, após a gravação do LP Volume 20 "Vontade Dividida", ocorreu a separação da dupla por um período de três anos. Cansados da rotina, da seqüência de shows e da carreira de um modo geral, eles desfizeram a dupla e cada um decidiu tocar sua vida. Milionário formou dupla com o Mathias (da dupla Matogrosso e Mathias) e também gravou um LP com o Robertinho (da dupla Léo Canhoto e Robertinho), enquanto que José Rico chegou a tentar carreira solo e pensou inclusive em parar de cantar.
E, em 1994, Milionário e José Rico uniram novamente as suas vozes e gravaram o 21º LP "Nasci Para Te Amar", o qual foi também lançado simultaneamente em CD, o primeiro da dupla.
A dupla tem sido considerada também como sendo bastante exigente e detalhista. José Rico, de uma, certa forma, conseguiu acabar com o calote aos músicos, lamentavelmente tão comum, principalmente às duplas caipiras, já que ele sempre exigiu o pagamento em dinheiro. José Rico não aceitava cheques, pois sabia que muitos deles seriam sem fundos. Também não tinha conta bancária nem cartão de crédito.
Segundo Milionário e José Rico, o momento mais emocionante da carreira deles foi quando ouviram pela primeira vez as suas vozes gravadas. José Rico disse que a emoção maior foi com os comentários dos amigos. Milionário, por outro lado, quando ouviu pela primeira vez uma música da dupla tocando no rádio, estava num ônibus... Sentiu vontade de sair gritando para todos que era ele lá... cantando...

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